Da floresta para o mundo
- novembro 3, 2024
A Internet trouxe grandes avanços para a humanidade, nos negócios, cultura, educação e saúde, mas algo parece estar dando errado.
A sociedade esta mais dependente da tecnologia, seja para trabalhar, namorar, deslocar de um lugar para outro, e em especial para sociabilizar. As plataformas de redes sociais e aplicativos, fazem esta tarefa para o indivíduo, e aparentemente cobram apenas “alguns dados” por seus serviços.
A humanidade abraça os benefícios da tecnologia, mas ignora ou minimiza os seus riscos, como destaca Urich Beck em Sociedade de Risco, mas na maioria das vezes identificar estes riscos demanda tempo e estudos, ou eles surgem desastrosamente algum tempo depois. Algumas consequências destas facilidades tecnológicas como aplicativos e redes sociais se mostram evidentes, como a crescente dependência e perda de autonomia do indivíduo, mas outras mais complexas como a própria construção da realidade através da produção de crenças, mediados pelos algoritmos das redes sociais, podem colocar em risco parte significativa da sociedade, ou o todo.
Este livro é uma versão expandida e adaptada da dissertação de mestrado intitulada “Algoritmização das relações sociais em rede, produção de crenças e construção da realidade”, defendida em setembro de 2019, que trata do estudo da sociedade mediada por algoritmos, ou para ser mais preciso, a sociedade mediada pela Inteligência Artificial das redes sociais. O estudo analisa com profundidade o processo de mediação, pela perspectiva da ciência da informação, passando pelo contexto do capitalismo de vigilância, inclusive na sua perspectiva histórica e sistêmica.
Este livro é sobre esta construção da realidade, ou de realidades encapsuladas em bolhas de unanimidade, através da mediação tecnológica por algoritmos das redes sociais. Esta construção passa pela compreensão de complexos e sofisticados mecanismos de vigilância cega, o Panspectron, que é capaz de nos conhecer melhor que nos mesmos, construindo modelos matemáticos dos indivíduos, para serem vendidos como parte de estratégias de marketing que sustentam o novo capitalismo de vigilância.
Para estudar estes mecanismos, o livro, dividido em 11 capítulos, parte da decomposição do clássico modelo de comunicação em três elementos: Informação, Indivíduo e Mediação, para construir um modelo dentro do regime de informação das redes sociais. Em seguida, aborda questões relativas a estes modelo, na perspectiva cotidiana, como a desinformação, e como os indivíduos adquirem e processam a informação, dando ênfase às questões cognitivas e seus vieses. No capítulo seis o estudo entra na descrição do Panspectron, através do estudo da vigilância cega, para então determinar sua dimensão no capítulo seguinte, ao descrever o “organismo de vigilância”, o Panspectron.
A partir deste ponto é possível descrever como funciona a modelagem do duplo digital, a cópia digital do indivíduo produzida nas redes sociais, como produto comercializável, inferindo sua personalidade, sua renda, condição social, orientação sexual, e identificando suas emoções em tempo real, para produzir modelos tão precisos, como clones digitais. O capítulo encerra com um ensaio, descrevendo como seria um estado totalitário sob o Panspectron. No capítulo seguinte é descrito o funcionamento da fábrica algorítmica do Facebook . O capitulo dez traz uma perspectiva histórica e sistêmica do capitalismo de vigilância, e formas de limitar e regular sua atuação.
No capítulo 11, a conclusão costura os temas abordados, descrevendo suas interrelações, mas deixando aberto que este livro é na prática o ponto de partida para outros estudos sobre o tema.
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